terça-feira, 6 de novembro de 2018

Sobre o esquecimento...

Eu devia saber. Todo dia lembrar que o esqueci? Sempre quando, pelas ruas, vejo algum traço que  me faz lembrar dele: cores, barbas, cabelos, corpos. Isso não seria assim tão mal, se não viesse acompanhado de desejo. Um desejo que parece não ter fim...
Só então eu percebi que tenho procurado por ele todo esse tempo, um ele em outro alguém. Mas não há outro igual. Ainda bem. É muito angustiante esse monte de recortes, essa parcialidade, essa incompletude na busca de algo que não vou encontrar. Quantos não puderam ficar? Nem sei, não vi. É tudo tão racional que preocupa: como agir sobre o próprio eu? como desviar o desejo? É tudo muito absurdo! Eu não posso ser assim tão fiel... eu preciso sair dessa rota viciante, que torna tudo permissivo, que se alimenta de tão pouco, fraqueja, mas não morre. Eu sei do que preciso, não precisa me dizer. Apenas aponte onde devo ir. Apenas traga quem vai me resgatar de mim. Traga quem vai me fazer sentir o desejo por coisas loucas, fantasias e poesia! Ás vezes eu tenho medo. De ser solidão pra sempre.