terça-feira, 27 de novembro de 2018

sobre a vida...

A vida segue mansa,
às vezes pesada, às vezes leve como o quê?
E a gente segue, nem tanto.
Mas vai levada por tudo o que a falta não para.
Há momentos estranhos como esse em que parece que algo está conectado a mim.
Posso sentir.
Mas não sei o quê.
Queria estar perto de uma pessoa, que me fortalece, por precisar do que sinto.
A vida segue cruel, às vezes. Sempre foi assim.
Mas porque a gente não sabe de nada, a gente vê crueldade onde há lição.
E para aprender é preciso viver.
Resta aceitar o quê.
Por um caminho só, a rota nunca muda.
O que me espera lá na frente?
Se não posso ver, eu temo. É que falta fé no descanso, às vezes, mas a gente vai assim mesmo.
Porque a vida não para.

27 de novembro de 2018

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

sobre o saber...

enquanto ele me afasta,
eu queria dizer que apenas sei
o que é se sentir sozinho, e ao mesmo se isolar ainda mais.
eu só queria dizer que imagino o tamanho da escuridão,
o esforço pra se manter forte quando tudo diz 'não'.
sobre estar cansado, eu sei também:
dias que parecem vazios,
de qualquer coisa que faça sentido.
e a gente segue sentindo um peso demais,
mas não para.
sobre estar perdido... sim, estou.
e há nobreza, meu amigo [parafraseando Bukowski],
em resistir a tudo o que oprime,
na esperança de que logo mais tudo se renove.
e vai.

e eu só queria estar lá.

[19 de novembro de 2019]

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Sobre o esquecimento...

Eu devia saber. Todo dia lembrar que o esqueci? Sempre quando, pelas ruas, vejo algum traço que  me faz lembrar dele: cores, barbas, cabelos, corpos. Isso não seria assim tão mal, se não viesse acompanhado de desejo. Um desejo que parece não ter fim...
Só então eu percebi que tenho procurado por ele todo esse tempo, um ele em outro alguém. Mas não há outro igual. Ainda bem. É muito angustiante esse monte de recortes, essa parcialidade, essa incompletude na busca de algo que não vou encontrar. Quantos não puderam ficar? Nem sei, não vi. É tudo tão racional que preocupa: como agir sobre o próprio eu? como desviar o desejo? É tudo muito absurdo! Eu não posso ser assim tão fiel... eu preciso sair dessa rota viciante, que torna tudo permissivo, que se alimenta de tão pouco, fraqueja, mas não morre. Eu sei do que preciso, não precisa me dizer. Apenas aponte onde devo ir. Apenas traga quem vai me resgatar de mim. Traga quem vai me fazer sentir o desejo por coisas loucas, fantasias e poesia! Ás vezes eu tenho medo. De ser solidão pra sempre.


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Sobre esses dias...

Ah, há dias como esses... em que a confusão do mundo infiltra no corpo e faz tudo parecer perdido. É uma solidão aguda mais um desejo de não pertencer, cabe sim a contradição. Sempre passo por esses momentos, infelizmente tão sempre que pressinto quando eles vêm. Depois do auge do clímax da vida, em que tudo parece o ponto alto da realização, vem o desfecho: tudo descarrila. É uma falta de razão de ser e existir. É um desejo reincidente de querer sumir. E você sabe como. Não se pode falar em morte, mas penso que falar sobre pode resignificar a vida. Deus é uma consciência para mim, é real, indubitavelmente presente. Mas às vezes gostaria de não ter essa certeza. Percebe a gravidade do que eu escrevo? Só Deus me mantém em vida. Sei que fases passam, mas a certeza de que voltam... essas voltas fazem [qualquer um?] cansar. É tão consciente a fé, a esperança, o movimento de mudança, engrenagem dos dias bons; mas que na pausa para respirar somem ou simplesmente não dão conta. Eu queria ter a escolha. Só me resta esperar começar a subir, de novo, essa montanha-russa que é o meu interior, rumo ao cume do prazer vital, e à descida crucial logo em seguida. Hoje é dia de escrever.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Às vezes, vejo teu sorriso (tão raro) por aí,
teus olhos brandos, cabelos, ombros
uma t-shirt branca...
E sinto um aperto no peito,
uma vontade de te ver de novo.

27 de junho de 2018
A tua lembrança pousa no meu pensamento, assim do nada.
Então sinto falta,
Desejo aqueles raros momentos...
E a solidão se instala.
Coisas boas aconteciam entre nós,
mas as coisas ruins não deveriam me deixar querer você.
É preciso mesmo ter paciência com o que se sente:
a gente, o outro, todos.
Nem tudo se pode controlar.

23 de junho de 2018

domingo, 3 de junho de 2018

sobre a chuva...

é de tarde, 
uma chuva passageira cai
e da janela o que vejo me faz pensar:
assim como na chuva os passarinhos fogem
procurando um lugar para se abrigar,
você se esconde no seu ninho, 
sozinho,
imune ao amor, 
evitando se molhar.

25 de maio de 2018.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

sobre o movimento...

Cada um com sua vida, sua história
travando sua batalha
diária.
É só olhar ao redor,
quem há de julgar
o ser do outro
e a sua coleção
de derrotas
e a esperança
de mudanças?
Para cada dia de esforço, o velho "tá osso"
e que desgosto esse mundo de desiguais.
Desigualdade cruel em que poucos têm mais, demais até.
Quando tivermos coragem de confrontar o meio
e ver no outro a história que [per]passa,
quem haverá de não sentir apertar o peito,
mesmo sendo no contratempo
de uma viagem num transporte público,
de uma andança na cidade louca,
apressada e distraída?

08 de janeiro de 2018

sobre o...

Se ainda mexe e deixa tudo por dentro ressentido,
pra que fingir que passa despercebido?
É preciso que não se veja nem se ouça
o que o olhos não aguentam ver,
o que os ouvidos não suportam ouvir...
Exige força, mas é preciso se fazer ir.
Sem olhar para trás, onde não há nada real,
que corresponda ao que o coração espera ter,
mas que assim como não tem não terá.
Nem tudo que não existe vem a ser.

18 de fevereiro de 2018

sobre as lágrimas...

É fim de tarde e chove,
estou num ônibus lotado
e os pingos da chuva na janela
fazem o vidro ficar embaçado;
assim como meu coração fica
com as lágrimas que não se podem ver.

[06 de abril de 2018]

domingo, 27 de maio de 2018

sobre o vazio...

o vazio que me habita agora
é a certeza do despejo do você para fora de mim
tanto [re]lutei
eu sabia que seria assim
a falta de remorso, a mágoa nula,
um basta para selar o fim.
agora sei que não tem mais volta
eu não te quero nunca mais
é assim.
e que você não volte atrás jamais
pois
não suportaria de te dizer 'não'
veja só a ironia, logo você, que partiu meu coração.
afinal, quem diria que poderia ser tão ruim assim
gostar de alguém
como gostei de você?
agora nem acho nem digo nada.
é tudo vazio nessa mente desocupada.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

sobre o esperar...

a vida da gente é a gente quem sabe.
e sim, os sentimentos, emoções também.
paciente: nunca fui. 
mas ele de tanto adiar a vinda, me ensinou a paciência, 
mesmo sem querer, fui tendo tanta que aprendi a ter.
acreditar em poucos, suspeitar de todos. assim era.
com ele reaprendi a dar um voto de confiança.
mesmo sem querer, escolhia acreditar.
agora estou um pouco cansada.
e todas as vozes lá fora dizem 'pare', e ecoam em meu pensamento,
chegando ao meu coração.
de repente gostar não é tão feliz assim, sozinha.
tantos pensamentos sufocam o que se sente, explodem a razão.
e qual a razão para tudo isso?
mas eu sei que esperei, e se isso não prova nada, nada mais sei.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

sobre o combate...

têm sido dias de mais risos,
porém de disfarce do quanto está sendo difícil
combater o pensamento
combater as lembranças
tão recentes e boas
que sobrevoam como vultos, mas não pousam
porque não podem; porque não deixo.

deve ser assim que se alcança o esquecimento.

27 de abril de 2018

terça-feira, 24 de abril de 2018

sobre a...

extremos 
de uma mesma energia,
falta de sintonia, pura contradição.
um passado inacabado,
um coração imaturo,
duas vidas se cruzando, cedendo à tentação.
o que te trouxe até mim foi o corpo, o meu.
mas o que me levou a ti foi o que apreendi do teu 
ser.
eu, alguém não condizente,
sempre deixada pra trás, 
abestalhadamente, sempre à espera da vez,
que nunca vai chegar.
não sei se a barreira mudou, se algum dia ela existiu,
ou se a barreira sou eu,
corpo que não serve para abrigo,
ser que não é o querido.
acontece.
a confusão se faz no pensamento que se deixa dar nós,
sem haver o nós.
ninguém é espelho de ninguém, eu não devia ter me visto em você,
nas palavras sempre certeiras e denunciadoras da forma como eu também me sentia.
parecia ser sintonia, para um plano além do corpo.
como isso se explicaria se não fosse por um destino
que insistia em me fazer esperar, mesmo sem querer, por você?
você, o único que eu verdadeiramente quis: conhecer, entender, acolher.
um bom tempo de indagações, e de constante tentativa de esquecer. 
distância, silêncio, recaídas desprezadas... 
ecoando pela vida! pelo tempo de suspensão em que ninguém mexia com esse meu coração.
parecia que era, mas só parecia para mim. 
impossível alcançar quem se nega, e machuca, e despreza (sem querer perder o que sabe que tem).
por um momento até pela cabeça passou, que essa indiferença é como a minha quando tenho medo:
medo do que pode acontecer se eu permitir ao outro entrar, 
e então para evitar o afasto, destrato, para fazê-lo se convencer de que em mim não é um bom lugar;
mesmo sabendo que é, só que difícil de entrar.
as marcas são reais, fortes, sensíveis. 
não se quer o passado de volta, sabe-se o quanto ele foi sofrível.
misto de dor boa com a dor de amor. ou será uma coisa só?
o outro é sempre um mistério... e a insistência, às vezes, uma perca de tempo.
mas posso dizer que tentei, pelo menos uma vez (na vida). eu insisti. 
não tenho problema nenhum nisso, se era o que eu acreditava que devia fazer.
mas já deu, e por isso escrevo isso. selagem do que precisa chegar ao fim em mim. 
eu me expando na minha intensidade, que espanta mais do que envolve, eu sei.
mas se eu nunca encontrar alguém para aceitar esse meu lugar, estarei muito bem,
porque a solidão não é coisa que me assusta. só a troco se valer a pena. 
e é uma pena que não me entendas, fales sempre da boca pra fora, ou fales e depois se arrependas.
vai ficar no ar, pelo menos pra mim, o que há por trás desse que me acendeu por completo, 
que desafiou o meu entendimento e me fez querer coisas que nunca antes eu quis...
mas aceito. 
essa deve ser a herança dessa atração sem explicação. 
só não imaginava que apenas corpos pudessem ser tão profundos assim...

domingo, 15 de abril de 2018

sobre a carência...

não é a carência que me move
nunca
sempre há uma mola propulsora
que vem de além
e além quer ir.
talvez seja essa a resposta para tuas perguntas
a carne faz tudo acontecer sentindo
mas as ideias é o que faz as coisas terem sentido
e eu que vejo a vida de forma significativa
não me reduzo ao sentir
eu quero mais!
eu quero tudo!
e não dá pra esperar
que alguém que os dois não tem
possa os dois me dar.
e enquanto é assim, eu vou seguindo o meu caminho
porque mais sentido faz estar comigo,
do que com o outro, no vazio.

[15 de abril de 2018]

terça-feira, 27 de março de 2018

sobre o muso...

Eu não sei
como se pode desejar tanto alguém
a ponto de sentir na real
o que materializo no pensamento.
E é no pensamento mesmo que se encerra
toda personificação do inacessível,
do impalpável ser.
Eu quero você em carne e carne!
Não é de fantasias que se vive algo assim...
Quero sentir você pesar sobre mim,
sugar tua boca
delirar só de te olhar
e te beijar a testa, o olho, o pescoço
deslizar sobre todo o corpo
sentir prazer ao dar.
Só você
desperta tudo isso
por quê?

[25 de março de 2018]

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

sobre imaginar...

É sobre arder no peito
o desejo de viver e sentir coisas
que até então existem só na imaginação.
Mas se a imaginação vai perdendo força,
que ela pereça estará esperando a vida
até vir com a surpresa?


(Fevereiro de 2018)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

sobre o gostar...

você iria gostar de alguém
que não sorri pra você
que não ri das suas piadas sem graça
que parece incapaz de se divertir
que te trata com uma frieza tamanha
que faz congelar o calor que você sente
por quê?
pois é, não tem porquê (gostar).

[03 de janeiro de 2018]