terça-feira, 24 de abril de 2018

sobre a...

extremos 
de uma mesma energia,
falta de sintonia, pura contradição.
um passado inacabado,
um coração imaturo,
duas vidas se cruzando, cedendo à tentação.
o que te trouxe até mim foi o corpo, o meu.
mas o que me levou a ti foi o que apreendi do teu 
ser.
eu, alguém não condizente,
sempre deixada pra trás, 
abestalhadamente, sempre à espera da vez,
que nunca vai chegar.
não sei se a barreira mudou, se algum dia ela existiu,
ou se a barreira sou eu,
corpo que não serve para abrigo,
ser que não é o querido.
acontece.
a confusão se faz no pensamento que se deixa dar nós,
sem haver o nós.
ninguém é espelho de ninguém, eu não devia ter me visto em você,
nas palavras sempre certeiras e denunciadoras da forma como eu também me sentia.
parecia ser sintonia, para um plano além do corpo.
como isso se explicaria se não fosse por um destino
que insistia em me fazer esperar, mesmo sem querer, por você?
você, o único que eu verdadeiramente quis: conhecer, entender, acolher.
um bom tempo de indagações, e de constante tentativa de esquecer. 
distância, silêncio, recaídas desprezadas... 
ecoando pela vida! pelo tempo de suspensão em que ninguém mexia com esse meu coração.
parecia que era, mas só parecia para mim. 
impossível alcançar quem se nega, e machuca, e despreza (sem querer perder o que sabe que tem).
por um momento até pela cabeça passou, que essa indiferença é como a minha quando tenho medo:
medo do que pode acontecer se eu permitir ao outro entrar, 
e então para evitar o afasto, destrato, para fazê-lo se convencer de que em mim não é um bom lugar;
mesmo sabendo que é, só que difícil de entrar.
as marcas são reais, fortes, sensíveis. 
não se quer o passado de volta, sabe-se o quanto ele foi sofrível.
misto de dor boa com a dor de amor. ou será uma coisa só?
o outro é sempre um mistério... e a insistência, às vezes, uma perca de tempo.
mas posso dizer que tentei, pelo menos uma vez (na vida). eu insisti. 
não tenho problema nenhum nisso, se era o que eu acreditava que devia fazer.
mas já deu, e por isso escrevo isso. selagem do que precisa chegar ao fim em mim. 
eu me expando na minha intensidade, que espanta mais do que envolve, eu sei.
mas se eu nunca encontrar alguém para aceitar esse meu lugar, estarei muito bem,
porque a solidão não é coisa que me assusta. só a troco se valer a pena. 
e é uma pena que não me entendas, fales sempre da boca pra fora, ou fales e depois se arrependas.
vai ficar no ar, pelo menos pra mim, o que há por trás desse que me acendeu por completo, 
que desafiou o meu entendimento e me fez querer coisas que nunca antes eu quis...
mas aceito. 
essa deve ser a herança dessa atração sem explicação. 
só não imaginava que apenas corpos pudessem ser tão profundos assim...

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